quinta-feira, 2 de maio de 2019

O que será da educação brasileira?



            No noticiário nacional dos últimos meses, sempre que o assunto é a educação brasileira, tem prevalecido entre os mais envolvidos no assunto – leia-se professores, pedagogos etc. – um tom apocalíptico sobre o futuro geral da educação no país, principalmente no que tange à inclusão e aumento da qualidade de aprendizagem dos educandos, já que muitas das mudanças anunciadas pelo governo do presidente Bolsonaro são pouco específicas e não normatizam de forma adequada a sua implantação, quando enfatizam alguma coisa que não seja histeria ideológica.
            Um dos casos mais emblemáticos até agora foi a paralisação do Ministério da Educação, que sob o comando do ex-ministro Ricardo Vélez, ficou a mercê de um discurso puramente populista evidenciando a incapacidade do ministro e sua equipe em gerenciar minimamente o ministério como deveria acontecer. Trocado o ministro, mas mantido o discurso populista ideológico, vemos um novo ministro menos trapalhão, mas igualmente imbuído em pregações de ódio e raiva, que também não aponta para uma atuação construtiva, formulando acusações contra tudo e contra todos, mas sem oferecer soluções viáveis e construtivas para a melhoria da educação da nação. Tudo o que podemos esperara desta “balbúrdia” ministerial e uma queda ainda maior nos já baixos índices que medem o desempenho dos estudantes do ensino básico brasileiro e, certamente, do ensino superior também, já que este parece suscitar maior desprezo por parte dos novos governantes.
            Comemorando (não se sabe o que) os primeiros cem dias do novo governo que despreza o conhecimento, foram anunciadas algumas medidas, entre elas o “Programa Nacional de Alfabetização”, para diminuir o analfabetismo, mas maiores detalhes não foram revelados, como na maioria das medidas do novo governo. Outra medida anunciada foi o projeto de lei “Ensino Domiciliar” que instituirá os requisitos mínimos para que os pais ou responsáveis legais possam exercer esta opção, mas quase nada foi divulgado pela equipe do governo, apenas que será preciso fazer um cadastro no portal do MEC, o que é pouca informação para um assunto tão polêmico como este, que antes de qualquer coisa deveria ser bastante debatido pela sociedade. Ainda seguindo em uma linha de desmonte e desinteresse na educação, é cada vez mais evidente o abandono das metas do Plano Nacional de Educação de 2014, com ameaça de abandono dos critérios para medir o investimento em educação básica, o chamado CAQI-CAQ.
            Por fim, nos últimos dias, presidente e novo ministro da educação passaram a atacar as universidades públicas, principalmente a área das ciências humanas, ditas por eles desnecessárias e, por isso, indignas de verbas federais. Junte-se a isso a polêmica em torno do “escola sem partido”, os percalços e “desideologização” do  ENEM e, infelizmente, concluímos que em matéria educacional o Brasil, que já enfrenta sérios problemas e déficits na área, tende a piorar seu desempenho em todos os níveis e áreas do conhecimento nacional. Que a educação do país enfrenta muitos desafios e precisa de mudanças, todos nós sabemos, mas apenas destruir com ruidoso ódio o que já foi construído, nunca foi e nunca será a forma adequada de melhorar o que não está bom.

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