Continuando minha exposição sobre os aspectos negativos
da educação brasileira, que iniciei no artigo anterior e pretendo encerrar
nesse, vamos acompanhar a sequência já iniciada no outro texto onde enumerei
como primeiro ponto a pouca valorização que se tem da educação e do
conhecimento na sociedade brasileira de uma maneira geral e, como segundo
ponto, um certo fracasso não reconhecido das teorias pedagógicas vigentes nas Faculdades
de Educação do país. Relembrando, são minhas opiniões e pontos de vista e,
quando critico a pedagogia não pretendo atacar ideologicamente um pretenso
domínio esquerdista/comunista nas universidades, estou, isto sim, fazendo uma
crítica baseada nas minhas experiências práticas de quem buscou, como
professor, por em prática teorias desconexas, descabidas e totalmente fora da
realidade social brasileira e, por isso, impossíveis de serem executadas.
Dando sequência então, vamos ao terceiro ponto, que, em
certa medida, é desdobramento do segundo e também do primeiro ponto, trata-se
da indisciplina reinante nos colégios de todos os níveis e até mesmo nas
faculdades do país. Não existem, em grande parte, punições que sirvam como
antídoto contra a indisciplina, a violência e a falta de respeito, seja entre
alunos, seja entre alunos e professores, como solução, deixa-se tudo como está,
afinal a escola deve administrar conflitos e não criá-los. Difícil agir, como
professor, em um ambiente onde exigir o que quer que seja não tem amparo legal ou
apoio de qualquer parte da sociedade, o professor está sempre errado. Este
vazio de poder levou os radicais do atual governo a entenderem que toda escola
deve ter um viés militarista, solução que acredito ineficaz, até porque seria impossível
tal tarefa no Brasil, o que falta às escolas é respeito à hierarquia e a ordem,
pois são fundamentais para o bom funcionamento destas instituições, pois não
devemos esquecer que crianças e adolescentes são rebeldes e contestadores por
natureza, então, esperar que eles cooperem com tudo de bom grado, como
cordeirinhos domesticados, é querer muito além da natureza humana. Como quarto
ponto coloco a baixa qualificação dos professores, principalmente da rede
pública, que, por verem suas profissões relegadas a uma “segunda ordem” de relevância
acabam não investindo (muitas vezes não tendo dinheiro para investir) no
aperfeiçoamento profissional de boa qualidade. Outras vezes investem para
apenas ouvirem mais do mesmo nos cursos de pós-graduação que, na maioria das
vezes, apenas propaga as mesmas teorias pedagógicas batidas e surradas, que
nunca funcionaram em parte alguma, mas que seguem sendo mantras nas faculdades
de educação do Brasil. Por fim, é claro, o antigo problema dos baixos
investimentos por parte dos governos na educação básica, seja em
infraestrutura, seja na valorização salarial profissional, afinal, não basta
dizer que o professor é “gente boa” e oferecer prêmios inócuos para tentar
agradar, o que nós, professores, queremos é salário compatível com a nossa
função de formadores de todas as outras e não honras ao mérito para pregar na
parede da sala.
Estes são, conforme minha vivência em sala de aula, os
principais pontos que emperram o desenvolvimento da qualidade do ensino no
Brasil, são fatores profundamente arraigados na cultura brasileira, muitas
vezes relapsa e imediatista, onde a construção do conhecimento, como alicerce
para uma vida melhor não tem importância, já que o que importa mesmo é apenas o
agora, e o que me servirá amanhã, hoje, não tem valor algum. Mesmo sendo
problemas bastante profundos na sociedade brasileira, é bom saber que não são
insolúveis, e que a insistência constante nos processos de melhoria da
aprendizagem e da convivência sadia e pacífica em sala de aula um dia surtirão
o efeito esperado, por isso, não podemos fraquejar ou mesmo desistir, afinal, a
educação é o principal pilar de qualquer sociedade moderna desenvolvida.
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