No noticiário nacional dos últimos meses, sempre que o
assunto é a educação brasileira, tem prevalecido entre os mais envolvidos no
assunto – leia-se professores, pedagogos etc. – um tom apocalíptico sobre o
futuro geral da educação no país, principalmente no que tange à inclusão e
aumento da qualidade de aprendizagem dos educandos, já que muitas das mudanças
anunciadas pelo governo do presidente Bolsonaro são pouco específicas e não
normatizam de forma adequada a sua implantação, quando enfatizam alguma coisa
que não seja histeria ideológica.
Um dos casos mais emblemáticos até agora foi a
paralisação do Ministério da Educação, que sob o comando do ex-ministro Ricardo
Vélez, ficou a mercê de um discurso puramente populista evidenciando a
incapacidade do ministro e sua equipe em gerenciar minimamente o ministério
como deveria acontecer. Trocado o ministro, mas mantido o discurso populista
ideológico, vemos um novo ministro menos trapalhão, mas igualmente imbuído em
pregações de ódio e raiva, que também não aponta para uma atuação construtiva,
formulando acusações contra tudo e contra todos, mas sem oferecer soluções
viáveis e construtivas para a melhoria da educação da nação. Tudo o que podemos
esperara desta “balbúrdia” ministerial e uma queda ainda maior nos já baixos
índices que medem o desempenho dos estudantes do ensino básico brasileiro e,
certamente, do ensino superior também, já que este parece suscitar maior
desprezo por parte dos novos governantes.
Comemorando (não se sabe o que) os primeiros cem dias do
novo governo que despreza o conhecimento, foram anunciadas algumas medidas,
entre elas o “Programa Nacional de Alfabetização”, para diminuir o
analfabetismo, mas maiores detalhes não foram revelados, como na maioria das
medidas do novo governo. Outra medida anunciada foi o projeto de lei “Ensino
Domiciliar” que instituirá os requisitos mínimos para que os pais ou
responsáveis legais possam exercer esta opção, mas quase nada foi divulgado
pela equipe do governo, apenas que será preciso fazer um cadastro no portal do
MEC, o que é pouca informação para um assunto tão polêmico como este, que antes
de qualquer coisa deveria ser bastante debatido pela sociedade. Ainda seguindo
em uma linha de desmonte e desinteresse na educação, é cada vez mais evidente o
abandono das metas do Plano Nacional de Educação de 2014, com ameaça de
abandono dos critérios para medir o investimento em educação básica, o chamado
CAQI-CAQ.
Por fim, nos últimos dias, presidente e novo ministro da
educação passaram a atacar as universidades públicas, principalmente a área das
ciências humanas, ditas por eles desnecessárias e, por isso, indignas de verbas
federais. Junte-se a isso a polêmica em torno do “escola sem partido”, os
percalços e “desideologização” do ENEM
e, infelizmente, concluímos que em matéria educacional o Brasil, que já
enfrenta sérios problemas e déficits na área, tende a piorar seu desempenho em todos
os níveis e áreas do conhecimento nacional. Que a educação do país enfrenta muitos
desafios e precisa de mudanças, todos nós sabemos, mas apenas destruir com
ruidoso ódio o que já foi construído, nunca foi e nunca será a forma adequada
de melhorar o que não está bom.
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